sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O apelo de Cáritas aos Espíritas



O apelo de Cáritas aos Espíritas

Richard Simonetti

Numa manifestação registada em O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo XIII, item 13, ed. F.E.B, diz a entidade:

Dei esta manhã o meu giro habitual e, com o coração amargurado, venho dizer-vos: Oh! Meus amigos que de misérias, que de lágrimas, quanto tendes de fazer para seca-las todas! Em vão, procurei consular algumas pobres mães, dizendo-lhes ao ouvido: Coragem! Há corações bons que velam por vós; não sereis abandonados paciência! Deus lá está; sois dele amadas, sois suas eleitas.Elas pareciam ouvir-me e volviam para o meu lado os olhos arregalados de espanto; eu lhes lia no semblante que seus corpos, tiranos do Espírito, tinham fome e que, se é certo que minhas palavras lhes serenavam um pouco os corações, não lhes confortava os estômagos.Repetia-lhes: Coragem! Coragem! Então, uma pobre mãe, ainda muito moça, que amamentava uma criancinha, tomou-a nos braços e a estendeu no espaço vazio, como a pedir-me que protegesse aquele entezinho que só encontrava num seio estéril, insuficiente alimentação.

Alhures vi, meus amigos, pobres velhos sem trabalho e, em consequência, sem abrigo, presas de todos os sofrimentos da penúria e, envergonhadas de sua miséria, sem ousarem, eles que nunca mendigaram, implorar a piedade dos transeuntes.Com o coração túmido de compaixão eu, que nada tenho, me fiz mendiga para eles e vou, por toda a parte, estimular a beneficência, inspirar bons pensamentos aos corações generosos e compassivos.Por isso é que aqui venho, meus amigos, e vos digo: Há por aí desgraçados, em cujas choupanas falta o pão, os fogões se acham sem lume e os leitos sem cobertas. Não vos digo o que deveis fazer; deixo aos vossos bons corações a iniciativa.Se eu vos ditasse o proceder, nenhum mérito vos traria a vossa boa acção.Digo-vos apenas: Sou a caridade e vos estendo as mãos pelos que sofrem.

Estas vigorosas afirmativas são do Espírito de Cárita, piadosa religiosa martirizada em Roma.

Segundo o índice biográfico da Revista Espírita, de Allan Kardec, seria o mesmo que ditou a famosa” Prece de Cáritas”.

Não devemos ver na mensagem transcrita simplesmente um apelo à beneficência, mas o registo de lamentável realidade que somos chamados a modificar.

O falecido prefeito de Nova York, La Guardia, era famoso por suas tiradas filosóficas.Costumava presidir, periodicamente, um tribunal onde eram julgados casos policiais simples.Numa dessas sessões apresentaram-lhe um homem que fora surpreendido roubando um pão.

La Guardia julgou-o, considerou-o culpado e o condenou a pagar uma multa de cinquenta dólares.

Depois dirigindo-se à multidão que lotava o recinto, sentenciou:

-Quanto aos presentes, estão todos condenados a pagar um dólar cada um, até atingir o limite da multa imposta ao réu, para que ela seja quitada e ele, libertado.Após breve pausa, enfatizou:

-Os senhores estão multados por viverem numa cidade onde um homem obrigado a roubar pão para matar a fome.O episódio de La Guardia é eloquente.

Permite-nos considerar que todos nós, habitantes de qualquer cidade do mundo, estamos sujeitos a uma sanção muito mais grave, a uma multa muito mais severa-a crónica insatisfação, a inquietação constante, os desajustes intermináveis, a frustração do anseio de felicidade…

Isso tudo por viverem num mundo onde as palavras caridade, bondade, fraternidade, solidariedade, são enunciadas como virtudes raras, não como elementares deveres de convivência social, cujo exercício é indispensável ao equilíbrio de qualquer comunidade.

Dizem os Espíritos superiores que a felicidade do Céu é socorrer a infelicidade da Terra.Diríamos nós que somente na medida em que nos preocuparmos em socorrer a infelicidade da Terra é que estaremos a caminho da felicidade do Céu.

Não há alternativa.Podemos estar isolados da multidão aflita e sofredora, mas jamais estaremos bem, porquanto a infelicidade é o clima crónico dos que se fecham em si mesmos.Mãos servindo são antenas que estendemos para a sintonia com as fontes da vida e a captação das bênçãos de Deus.

Por isso, manifestações como a de Cárita não podem morrer sem eco em nossos corações.Há muita dor a amenizar, muita fome a saciar, muitas necessidades a atender…Há muita gente precisando de nós!

Justificativas para a omissão sempre aparecem, mas facilmente desmontadas, amigo leitor, como podemos constatar em breve diálogo entre assíduos frequentadores de reuniões mediúnicas e o mentor que convida a participar do trabalho filantrópico, numa instituição espírita.

-Não tenho tempo!

-Tempo é uma questão de preferência.

-Até que gostaria de participar, mas estou adoentado!

-A prática do Bem é o melhor remédio para os males do corpo e da alma.

-Mas meu tempo passou.Estou com 75 anos!

-A ferrugem só atinge a enxada que deixou de trabalhar.

-Prometo para mais tarde.

-Amanhã haverá apenas espinhos em nosso caminho se não semearmos o bem agora!

Para finalizar, leitor amigo, uma observação interessante de um lidador espírita:

-É tão bom praticar o Bem, mas tão bom mesmo, que se o malandro soubesse disso, o faria por malandragem.

Fonte do artigo: Revista o Reformador Setembro de 2010.

O convite feito pelo nobre espírito de Cáritas aos espíritas está tão actual para os dias de hoje como o fez nos tempos de Kardec, a falta de trabalho está engrossando e levando as criaturas há pobreza extrema, a conjectura económica actual; a inconsciência do cidadão que não reflecte nos recursos escassos e limitados e tende a gastar no que é fútil e superficial, sem atender ao dia de amanhã, porque é precisamente essa a mentalidade de quem deseja ignorar que poderá existir vida, após esta vida e certamente consequências atribuídas pelo modo como exerceu o seu livre-arbítrio, com ou sem responsabilidade! Leva as criaturas a dificuldades extremas a não poder assumir os compromissos básicos, como a não poder, pagar as rendas das suas casas nem tendo como se sustentar, obrigatoriamente vêm para as ruas, estendendo a mão à caridade. Como se não bastasse, criaturas de outros países no sonho de uma vida melhor vêm para Portugal à procura de um trabalho que lhes condições de uma vida melhor, mas a exploração de quem não tem escrúpulos desfaz o pensamento idealista deparando-se com uma realidade totalmente diferente: o apoio social é escasso; a diferença de língua que dificulta a comunicação - são os sem-abrigo que ultimamente vemos aumentar nas nossas cidades.

Porém, o ponto fundamental é mesmo a caridade, no apelo a renegarmos o egoísmo e finalmente admitir que temos todas as capacidades e possibilidades de ajudar quem necessita.

Corações nobres do outro lado da vida convidam-nos ao trabalho, no Cenáculo foi o espírito nobre de Madre Teresa de Calcutá que nos levou às ruas desde Janeiro de 2008. Saem connosco criaturas nos diversos matizes religiosos que se predispõem a colaborar e que são muito bem-vindos.

Sopa quente: saco com 2 sandes: um sumo: um leite com chocolate: um enlatado: um pacote de bolachas ou um bolo um ovo cozido e fruta. Cobertores novos e usados: meias e cuecas novas. Roupas usadas de homem e senhora limpa. Artigos de higiene, como pastas de dentes e sabonetes e medicamentos, comprimidos para as dores e gripe.

Se quer colaborar connosco contacte-nos:

Cenáculo Espírita: Isabel de Aragão
* Rua Tenente Garcia de Lemos, N.º 1, r/c
2745 - 224 QUELUZ· (Telefone: 933529754.
216039055

americoalves7@gmail.com

http://ceisabeldearagao.blogspot.com

1 comentário:

  1. Obrigado pelo artigo.É sempre bom termos presente que fora da caridade não há salvação.
    Que Deus nos ajude a termos força para respondermos ao apelo.
    Um abraço fraterno de
    Joaquim Balsas

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