quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

História de um Pão

História de um Pão

Quando Barsabás o tirano, demandou o reino da morte, buscou debalde reintegrar-se no grande palácio que lhe servia de residência.A viúva, alegando infinita mágoa, desfizera-se da moradia, vendendo-lhe os adornos.

Viu ele, então, baixelas e candelabros, telas e jarrões, tapetes e perfumes, jóias e relíquias, sob o martelo do laloeiro, enquanto os filhos querelavam no tribunal, disputando a melhor parte da herança.

Ninguém lhe lembrava o nome, desde que não fosse para reclamar o ouro e a prata que doara a mordomos distintos.

E porque na memória de semelhntes amigos ele passava, agora de sombra, tentou o interesse afectivo de companheiros outros da infância…

Todavia, entre estes encontrou simplesmentea recordação da malquerença e de usura.

Barsabás entregou-se às lágrimas, de tal modo, que a sombra lhe embargou, por fim, a visão, arrojando-o nas trevas…

Vagueou por muito tempo no nevoeiro, entre vozes acusadoras, até que um dia aprendeu a pedir na oração, e, como se a rogativa lhe servisse de bússola, embora caminhasse às escuras, eis que, de súbito, se lhe extingue a cegueira e ele vê, diante de seus passos, um santuário sublime, faiscante de luzes.

Milhões de estrelas e pétalas fulgurantes povoavam-no em todas as direções.

Barsabás, sem perceber, alcançara a Casa das Preces de Louvor, nas faixas inferiores do firmamento.

Não obstante deslumbrado, chorou, impulsivo, ante o ministro espiritual que velava no pórtico.

Após ouvi-lo, generoso, o funcionário angélico falou, sereno:

-Barsabás, cada fragmento luminoso que contemplas é uma prece de gratidão que subiu da Terra…

-Ai de mim-soluçou o desventurado-eu jamais fiz o bem…

-Em verdade-prosseguiu o informante-, trazes contigo, em grandes sinais, o pranto e o sangue dos doentes e das viúvas, dos velhinhos e órfãos indefesos que despojaste, nos teus dias de invigilância e de crueldade; entretanto, tens aqui, em teu crédito, uma oração de louvor…

E apontou-lhe acanhada estrela que brilhava à feição de pequeno disco solar.

-Há 32 anos-disse, ainda, o instrutor-deste um pão a uma criança e essa criança te agradeceu, em prece ao Senhor da Vida.

Chorando de alegria e consultando velhas lembranças, Barsabás perguntou:

_Jonakim, o enjeitado?

-Sim, ele mesmo-confirmou o missionário divino.

-Segue a claridade do pão que deste, um dia, por amor, e livrar-te-às, em difinitivo, do sofrimento nas trevas.

E Barsabás acompanhou o tênue raio do tênue fulgor que se desprendia daquela gota estelar, mas, em vez de elevar-se às Alturas, encontrou-se numa carpintaria humilde da própria Terra.

Um homem calejado aí reflectia, manobrando a enxó em pesado lenho….

Era Jonakim, aos quarenta de idade.

Como se estivessem os dois identificados no doce fio de luz, Barsabás abraçou-se a ele, qual viajante abatido, de volta ao calor do lar.

Decorrido um ano, Jonakim, o carpinteiro, ostentava sorridente, nos braços, mais um filhinho, cujos louros cabelos emolduravam belos olhos azuis.

Com a benção de um pão dado a um menino triste, por espírito de amor puro, conquistara Barsabás, nas Leis Eternas, o prêmio de renascer para redimir-se.

Pelo Espírito Irmão X

Psicografia do Médium Francisco Cândido Xavier.







segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011